Jorge Alberto Camargo, 58 anos, trabalha há sete anos na coleta de lixo em Rio Grande. Ele se mostra espantado com o volume de lixo inservível coletado no município, afirma não saber como se produz tanto lixo e indaga: “Já imaginou se ele não fosse recolhido todos os dias?” Junto com a equipe que trabalha em um caminhão de uma das duas empresas terceirizadas que prestam serviços à Prefeitura, diz, com espanto, que consegue encher quatro caminhões por dia. A administração municipal disponibiliza quase 20 equipes, diariamente, e até sábado pela manhã, para esse tipo de serviço.
O recolhimento do lixo descartado de forma irregular em Rio Grande é uma preocupação da Prefeitura. Se por um lado o volume recolhido, diariamente, alcança quase 60 toneladas de materiais inservíveis – restos de madeiras, móveis, eletrodomésticos, pneus e outros objetos -, por outro, o custo para colocar nas ruas da cidade as equipes que fazem o recolhimento não é pequeno. Conforme o secretário de Controle e Serviços Urbanos, Dirceu Lopes, a despesa diária para a execução desse serviço chega a R$ 30 mil, ou R$ 1 milhão ao mês. Mesmo assim, o município continua sendo um dos únicos no Brasil, de acordo com o secretário, a fazer a coleta diária na cidade.
Na última semana, equipes da Prefeitura do Rio Grande envolvidas na força-tarefa criada, no meio da semana, por determinação do prefeito Alexandre Lindenmeyer para enfrentar os problemas causados pelas chuvas que atingiram as áreas urbana e rural do município, nos últimos sete dias, foram às ruas após a trégua do mau tempo. O objetivo era fazer com que a cidade volte à normalidade e uma das principais atividades foi recolher o lixo que se acumula em diversas ruas, sejam descartes irregulares ou não. Esse trabalho está sob a coordenação da área de Serviços Urbanos da Prefeitura.
Dentro dos caminhões de coleta de lixo descartado de forma irregular, todo o tipo de material é encontrado. São restos de sofás, pneus usados, madeiras, baldes, bacias de plástico, latas, latões. Tudo jogado em terrenos vazios e não em espaços apropriados. Para o secretário Dirceu Lopes, “há um descaso de uma parcela da população com o cuidado da cidade limpa, que acabam descartando material em qualquer lugar e como Rio Grande tem o sistema de coleta diária, não necessitaria desse tipo de descarte irregular”.
Dirceu reforça que, “o que observamos é uma mistura de inservíveis e material orgânico juntos e isso demonstra esse descaso dessa parcela da população”. O secretário não descarta ações mais enérgicas, como a aplicação de multas mais rigorosas “para aqueles que teimam em continuar sujando a cidade”. Para ele, “alagamentos e redes de esgoto entupidas são causados pelos munícipes que teimam em não respeitar o processo de limpeza urbana na cidade”.
Durante a semana, o secretário de Infraestrutura da Prefeitura, Luiz Francisco Spotorno, destacou que o problema histórico de alagamentos no Centro havia sido resolvido, devido às obras de macrodrenagem realizadas pela Prefeitura. Porém, “o grande inimigo no município continua sendo o lixo descartado de forma inadequada”.
Onde depositar o lixo
A Prefeitura do Rio Grande disponibiliza para a população três locais conhecidos como “Estação de Recebimento”. Ali, todo lixo inservível pode ser depositado e é separado, ou seja, há espaço para o que é metal, entulho de obra, madeira, eletrodomésticos etc. As estações estão localizadas na Rua Castro Alves, esquina com a Buarque de Macedo (Hidráulica); na Rua Álvaro Costa em frente à Refinaria Riograndense (Centro); e final da rua São Leopoldo (Cassino).
Já o lixo orgânico recolhido em Rio Grande tem como destino o aterro sanitário no município de Candiota. Dados da Secretaria de Município de Serviços Urbanos mostram que, em agosto, o volume de lixo orgânico destinado para o aterro em Candiota chegou quase a 4 mil toneladas. A coleta é realizada pela empresa Engesa.
A Prefeitura faz, ainda, a coleta seletiva. Neste caso, papel, papelão, plástico, isopor e restos de tecidos, por exemplo, são entregues para cooperativas de reciclagem no município.
Outro destino dos lixos em Rio Grande são as lixeiras distribuídas pela cidade. Ao todo são mil lixeiras, conforme contrato firmado entre a Prefeitura e a empresa Contemar, que estão localizadas desde a Avenida Domingos de Almeida até o bairro Santa Tereza. Por vezes, o vandalismo acaba destruindo as lixeiras, sendo que algumas são, inclusive, queimadas.
Assessoria de Comunicação / PMRG