CTA comemora 30 anos no município do Rio Grande
Publicado em 11/06/2025 10:53
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A comemoração dos 30 anos de atividade do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Secretaria da Saúde do Rio Grande ocorreu, nesta terça-feira (10), na sede do órgão junto ao Centro Municipal de Vigilâncias em Saúde (Posto IV do Canalete). A data reuniu antigos e novos integrantes do CTA e autoridades municipais, entre elas a prefeita Darlene Pereira, a secretária da SMS, Juliana Acosta, a vereadora Regininha (PT), que representou o Legislativo Municipal, e a presidenta do Movimento LGBT Rio Grande, Fabíola Weikamp.

Além das manifestações de autoridades, houve homenagem a duas médicas que deram início à implantação do CTA no Município, Márcia Silveira e Jussara Silveira. A primeira ainda atua no município e a segunda é considerada a principal precursora e incentivadora desse tipo de instrumento público no município do Rio Grande. Hoje ela está aposentada pelo HU/Furg. As duas profissionais foram homenageadas pela Coordenadora do Programa Municipal de IST/HIV/HV, Maria da Penha Silveira e pelo médico especialista em IST, Edilon Talaier.

No final da comemoração, a prefeita Darlene Pereira foi convidada a se manifestar ao público presente, quando elogiou a equipe do CTA e as possibilidades de ampliação dos serviços, o que possibilitará a qualificação do atendimento público. O desejo de redução dos números sobre HIV no município também foi citado pela prefeita. Ela considerou que os dados ainda são elevados para a comunidade, mas disse ter plena confiança de que a equipe que está hoje neste CTA, construída por todos e cuja história tem 30 anos ininterruptos, “estará junta nessa luta”.

Os 30 anos do CTA

A história do CTA Rio Grande foi contada, ainda, em um pequeno vídeo, com depoimentos das primeiras integrantes e de outras servidoras municipais que ainda atuam no órgão há mais de 25 anos. Entre os depoimentos estavam os das médicas Márcia Silveira e Jussara Silveira, a psicóloga Sílvia Oliveira, a assistente social Maria da Graça, a nutricionista Genuína Fernandes, a técnica de Enfermagem Sirlei Terezinha Figueiredo, Fabíola Weikamp e a secretária Juliana Acosta.

A retratação do que foi o CTA ao longo da história trouxe à memória todo o preconceito que existia nas décadas de 80 e 90 em relação às pessoas que se contaminavam com o vírus HIV, especialmente, àquelas consideradas gays. Em todas as manifestações, tanto em vídeo como nas falas durante o evento, foram destacados os avanços em termos de tratamento das pessoas com Aids e as formas de prevenção, bem como a testagem. Hoje, um teste para diagnosticar se a pessoa tem ou não o vírus HIV dá o resultado em menos de meia hora. Anteriormente, esse prazo era de quase 30 dias de espera.

A implantação do sistema informatizado possibilitou traçar perfil dos usuários. Foi verificado em estudo publicado, em junho de 2008, que havia alta incidência de usuários que não retornaram ao CTA para conhecimento de seus status sorológico. A médica Jussara Silveira diz que, no Brasil, existem cerca de 100 mil pessoas ainda não diagnosticadas e é preciso identificá-las. Alega que a Aids deixou de ser notícia, mas o vírus segue solto, abraçado a outras ISTs, como a Sífilis. “Os problemas apenas mudaram de lugar e impõem novas formas de conscientização.”

Com o passar dos anos, o anonimato de pacientes com HIV que havia no começo da epidemia foi superado. Passaram a ser preenchidas fichas nominais dos usuários, com dados que permitiram estudo epidemiológico mais detalhado. “Era um tempo em que as pessoas buscavam informações em jornais, rádios e TVs. As redes sociais ainda não eram espaços de domínio público e a Internet era incipiente. Os resultados passaram a ser entregues impressos, na entrevista de devolução, num prazo entre 7 a 10 dias. Os positivos eram retestados com o mesmo soro da primeira coleta. Dessa forma, após a entrega, os pacientes já eram encaminhados ao HU, para acompanhamento”, contou a médica Márcia Silveira.

Profilaxias

Na cerimônia dos 30 anos foi comentado que a mudança na dinâmica do serviço foi ainda mais alterada com a implantação das profilaxias: PREp ( profilaxia pré-exposição) e PEP ( profilaxia pós-exposição), que mudaram a tônica da prevenção, através de uma ação profilática, que permite exposição ao vírus. O surgimento de novas e mais eficientes terapias antirretrovirais retiraram o desconforto das doses maciças de medicamentos e seus efeitos adversos. Todos esses avanços retiraram do diagnóstico HIV/aids seu apelo dramático. Aids é uma doença crônica controlável e o vírus pode ser eliminado com algumas drágeas pré ou pós-exposição, cita a médica Márcia Silveira.

Um ponto positivo apontado na comemoração dos 30 anos do CTA é que o peso do preconceito com a doença foi amenizado pelo fortalecimento dos grupos LGBTQIAP+, com a liberação de costumes e o reconhecimento de direitos.

ASSESSORIA PMRG

 

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