Na última quinta-feira, 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, FURG e Portos RS realizaram o lançamento oficial da Rede de Monitoramento do Nível da Lagoa dos Patos (RMN – Patos). A ação, coordenada pelo Centro Interinstitucional de Observação e Previsão de Eventos Extremos (Ciex), possibilita o acesso em tempo real a dados sobre o nível da água na Lagoa dos Patos para instrumentalizar uma tomada de decisão mais efetiva, contribuindo para a prevenção e mitigação dos impactos ocasionados por enchentes e estiagens na região.
Participaram da reunião o vice-reitor, Ednei Primel; a professora do Instituto de Oceanografia (IO) – e coordenadora do Ciex – Elisa Fernandes; e os professores do Centro de Ciências Computacionais (C3), Glauber Gonçalves e Vitor Gervini; representando a Portos RS estavam o presidente da instituição, Cristiano Klinger; e o diretor de Meio Ambiente, Henrique Ilha.
Sobre a rede
Composta por uma série de linígrafos espalhados em pontos estratégicos ao longo da Lagoa dos Patos, a rede de monitoramento atuará por meio da medição automatizada do nível da água ao redor do corpo lagunar, registrando continuamente as variações em um software, transmitindo essas informações para o Ciex, que por sua vez, operacionaliza os dados para o conjunto de instituições participantes. No final do mês de maio, uma equipe de pesquisadores da FURG realizou a instalação de equipamentos em São Lourenço do Sul e Arambaré.
De acordo com o vice-reitor, é com grande satisfação que a FURG celebra o lançamento da rede, entendendo a importância da ação para a resiliência dos municípios situados na região. “Essa iniciativa representa um avanço significativo não apenas para a ciência e a gestão ambiental, mas também para a segurança e o bem-estar das populações que vivem ao redor da lagoa. A instalação dessa rede é essencial para fortalecer a nossa resiliência diante dos desafios climáticos que têm se intensificado nos últimos anos. Com dados em tempo real e informações precisas sobre o comportamento da lagoa, será possível prever com mais eficiência o impacto de eventos extremos, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz das autoridades e da própria comunidade”, explica o gestor.
Para trabalhar este conjunto de informações geradas pelos linígrafos, o Ciex atuará por meio do Digital Twin da Lagoa dos Patos (DT – LAGOA), uma réplica virtual do corpo lagunar, possibilitando aos pesquisadores do centro o monitoramento e análise do comportamento da lagoa em tempo real e com precisão milimétrica. Na prática, o gêmeo digital funciona como um espelho; uma vez que, além de permitir a observação do meio ao vivo, também permite realizar simulações de cenários de eventos extremos futuros e de intervenções propostas para minimizar o impacto das enchentes.
“A implementação de um Digital Twin da Lagoa dos Patos representa um salto tecnológico e estratégico para a proteção das comunidades da região. Com essa réplica digital da lagoa, alimentada por dados em tempo real combinados com modelos de previsão hidrológica, meteorológica, hidrodinâmica e de inundação, passamos a ter uma ferramenta poderosa para prever e mitigar os danos causados por eventos extremos. Com essas informações qualificadas, a Defesa Civil e Forças de Segurança da região integrados ao Ciex poderão agir com antecedência: emitir alertas, organizar evacuações, proteger infraestruturas e salvar vidas”, explica a professora Elisa Fernandes.
Capitaneado pela FURG e com o apoio de mais de 28 instituições da Quádrupla Hélice (Universidades, Poder Público, Setor Produtivo e Sociedade Civil Organizada), o Ciex é um projeto financiado pela Fapergs e apoiado pela Portos RS, concebido em 2024 após a grande enchente de maio daquele ano. A ideia do Centro surgiu para qualificar o trabalho desenvolvido pela FURG durante aquele evento, ao longo de mais de 22 dias ininterruptos de trabalho de campo, monitoramento e publicação de relatórios fundamentais para a mitigação dos impactos causados pelas águas nos municípios ao longo da Lagoa dos Patos.
Sobre os linígrafos
Atualmente, o Ciex conta com dois modelos de monitoramento, sendo um por meio de um sensor direcionado ao corpo lagunar, realizando medições com base na distância entre o próprio sensor e a água; e outro por meio de uma câmera, posicionada em frente a uma régua referenciada, realizando leituras constantes utilizando visão computacional. Toda essa tecnologia empregada nos protótipos foi criada e desenvolvida na FURG, pelo professor Glauber e sua equipe do C3. Trata-se de uma solução altamente eficiente e com custo significativamente mais baixo do que as alternativas disponíveis no mercado. "Este é um produto amplamente testado e validado durante o evento extremo de inundação de maio de 2024", aponta Elisa.
“Ações como essa reforçam nosso compromisso institucional com o desenvolvimento sustentável e a proteção dos ecossistemas costeiros, e mostram que, por meio da ciência e da cooperação entre universidade, governo e sociedade, é possível construir soluções duradouras para os grandes desafios do nosso tempo”, conclui o vice-reitor.
ASSESSORIA FURG
