O dia a dia de um hospital é repleto de emoções intensas e, muitas vezes, contraditórias. Há a alegria de um nascimento, a expectativa de um exame, o medo de um diagnóstico difícil, a ansiedade por um procedimento e, infelizmente, a dor pela perda de um ente querido. Em meio a essa dor, a decisão de doar os órgãos de um familiar se revela um gesto de amor e esperança. Uma escolha que, mesmo com a saudade, abre caminho para novas histórias e oportuniza um futuro para quem aguarda por um transplante.
Foi essa esperança que se fortaleceu no sábado, 5 de abril, no Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A equipe da UTI Adulto identificou a morte encefálica de um paciente e comunicou à Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) e à Organização de Procura de Órgãos (OPO), que prontamente iniciaram os encaminhamentos junto à família. A decisão, embora dolorosa, foi um ato de generosidade da família que transformou a vida de outros pacientes que estavam na fila de transplantes do Rio Grande do Sul.
“Houve uma grande mobilização de diversos setores do HU para que a captação se concretizasse. A equipe da UTI, com o apoio da Cihdott e OPO5, manteve os cuidados necessários até a chegada da equipe de captação. Foi, mais uma vez, uma união admirável de vários setores, com muitas pessoas envolvidas, e somos muito gratos por isso. É emocionante para nós participarmos desse momento e presenciarmos essa mobilização em nosso Hospital. São muitas etapas para assegurar que tudo ocorra de forma ética e respeitosa. Começamos a semana renovados!”, compartilhou a chefe da UTI Adulto, Prisciane Cardoso Silva.
Com a autorização dos familiares, as diversas equipes uniram forças para transformar a tristeza em esperança. A equipe de captação da Central de Transplantes de Porto Alegre foi mobilizada e três profissionais se deslocaram até Rio Grande para realizar a cirurgia de retirada dos órgãos. Foram captados órgãos que beneficiaram cinco pacientes que aguardavam em lista única de espera, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Brasil conta com o maior programa público de transplante de órgãos e tecidos, garantido a toda a população por meio do SUS, que financia aproximadamente 96% dos transplantes no país. O Sistema Nacional de Transplantes é composto por 27 ECentrais Estaduais de Transplantes, 13 Câmaras Técnicas Nacionais, 594 Estabelecimentos de Saúde, 1.420 Equipes de Transplantes, 574 Cihdotts e 68 OPOs.
Como ser doador de órgãos?
Para se tornar um doador, basta informar à sua família sobre o desejo de ajudar. A captação dos órgãos é realizada somente após o diagnóstico de morte encefálica e com a autorização da família. Entre os órgãos que podem ser doados estão: fígado, rins, córneas, pâncreas, intestino, pele, coração e pulmão.
Existem duas formas de doação: de pessoas falecidas, após a morte encefálica, e de pessoas vivas, que podem doar um rim ou parte do fígado. A doação é anônima e segue os critérios do Sistema Nacional de Transplantes, sendo uma das formas mais eficazes de salvar vidas. Se você tem interesse em se tornar um doador, converse com sua família e ajude a transformar dor em esperança.
ASSESSORIA EBSERH FURG